sexta-feira, 20 de abril de 2012

O arrumador


Perto de minha casa “trabalha” um arrumador que tem especial interesse por colas para papel, sapatos, madeira ou vidro, mas a quem ninguém reconhece especiais dotes de bricolage.

O certo é que moro ali há 3 anos e o sacana continua a não me reconhecer. Já lhe disse para não me cravar todas as vezes que me vê, vez nenhuma, já o ignorei descaradamente, corri com ele aos gritos e até dei a ocasional moeda, mas todas as vezes olha para mim como se me estivesse a ver pela primeira vez. O chato é que só descobri isto quando um dia ao almoço lhe dei 2 euros e disse para não me cravar durante alguns dias. Ao final da tarde ali estava ele novamente, sorridente e prestável - “venha, venha”, coreografando gestos exuberantes que deve ter visto numa reportagem sobre aeroportos, enquanto  me via a raspar uma jante no  passeio.

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