Maravilhosa esta capacidade dos médicos que se dedicam a investigação se esquecerem de alguns pormenores quando começam a ficar excitados com as descobertas. O gajo está consciente e preso dentro do corpo e estes cretinos dizem que "está bem".
Os senhores disseram que ele estava bem a nível neurológico, que é o que eles avaliam. Já pensaste bem se eles nunca tivessem descoberto que ele estava bem (a nível neurológico)? A família não desligava as máquinas, ele estaria o resto da vida preso. Ou desligavam e ele morria, mesmo estando bem.
Agora quem tem que intervir para tentar fazê-lo mexer pode actuar. E a família pode comunicar com ele, que sabem que ele ouve.
Os médicos não fazem milagres e o estar bem é segundo a área deles, a nível cerebral e ele está bem. Há muitas pessoas por aí que estão bem a nível físico, tu olhas e dizes "está bem" e por dentro estão uma m****... Também te podem dizer que és um cretino por dizeres que estão bem!!
Pois eu sou da area da saúde e posso afirmar que o homem não está nada bem. Primeiro só com uma RM é que eles viram que reagia certas perguntas (?); segundo não será bem pior se o homem tem qualquer tipo de consciência, que eu duvido,e não pode comunicar? terceiro, uma pessoa 12 anos em coma todos os órgãos deixam de funcionar normalmente, há uma degradação dos órgãos vitais. Haverá alguém que queira viver assim? Eu não queria nem queria que nenhum dos meus vivesse assim. Seria muito melhor ter sido desligado o suporte de vida há mais tempo.Mas esta é a minha opinião.
Vamos lá ver uma coisa. Eu não disse que concodava com os senhores, ou que achava bem ele estar assim ou não. Ou que se fosse eu diria a mesma coisa. Eu não acho nada nesta área, porque deve ser a área mais complexa, visto lidar com pessoas, que têm formas de pensar e agir diferentes. Duas expressões que uso muito: "Nós temos 5 dedos em cada mão e são todos diferentes" e a famosa "Na Medicina como no amor, nem sempre, nem nunca.", portanto eu não generalizo nunca, eu não faço juizos nunca, eu não considero a minha opinião como a única certa e infalível. Neste caso eu apenas disse que compreendia o que eles disseram e porque o disseram, e que não achava bem tratá-los por cretinos.
Pedro, quanto à RM, eu não sei como funciona exactamente o exame feito, e o artigo do jornal não é propriamente um artigo científico do qual possamos concluir algo, no entanto, pelo que entendi (lido na diagonal) é que pela RM puderam ver que determinadas áreas do cérebro reagiam especificamente às perguntas impostas, provavelmente a mesma áreas que reagiriam numa pessoas consciente, daí dizerem que ele percebe as perguntas que lehe eram feitas.
Quanto ao: "Haverá alguém que queira viver assim? Eu não queria nem queria que nenhum dos meus vivesse assim.", lá está, disseste bem, é a tua opinião, e até pode ser a minha, mas mais uma vez, não somos todos iguais e ninguém sabe se ele até prefere estar assim do que morto. Se assim fosse, quando eu faço reanimação a alguém podia pensar (como às vezes penso), será que vale apena fazer algo mais por este ser? Mas depois dá-me logo assim uma luz e lembro-me de qual é a minha função, e o que eu me propus e prometi fazer. Se a pessoa tiver que morrer, morre mesmo, mas nunca por eu decidir que vai morrer, isso seria fazer o papel de Deus.
AHAHAHAHAHAHAHAHAH. Acho que não consigo ser cordial face a este post! Mas ora bem... Cá vai...
Os médicos não admitiram nenhum erro. Ninguém se esqueceu de nenhum pormenor. A técnica foi publicada pela primeira vez em 2010 e foi aplicada ao Scott Routley única e exclusivamente desta vez. Logo o que inicialmente se pensava ser um estado vegetativo (vulgar coma) com lesão das vias do tronco cerebral mas sem afecção das suas funções vegetativas, neste momento acredita-se que seja um estado consciente com atividade cortical com integridade e processamento das vias aferentes mas limitação nas eferentes. Ou seja, com os dados da altura pensava-se que não havia consciência (algo muito difícil de definir). Com os dados de agora pensa-se que existe consciência. A terapêutica neurológica não muda em nada (é inexistente), o diagnóstico é que se alterou face às novas descobertas fruto da nova técnica. A expressão 'está bem' é do jornalista que gosta de uma boa polémica e não um termo aplicável a um exame neurológico. :)
Sabe o que é que me faz confusão? Gostar de um dia trabalhar em Portugal como médica e sentir que há um ataque constante à classe e muito mal fundamentado. Apesar de todos os dias ver excepcionalidade no meu local de trabalho vejo reacções destas a notícias corriqueiras em que nos apelidam de 'cretinos' sem perceber bem porquê.
Hmmm... não, Pedro! Efetivamente era aos médicos, mas sem malícia Inês. É que eu realmente não percebo porque se mantém alguém em suporte de vida 12 anos. Lembro-me sempre daquele espanhol que desesperadamente queria morrer... E morreu.
12 comentários:
Eu é mais ao contrário, eu digo que estou bem mentalmente, mas as pessoas tendem a assumir que não.
Não sei o que lhes poderá ter dado essa ideia.
Nossa que biolência! Cretinos?!
Os senhores disseram que ele estava bem a nível neurológico, que é o que eles avaliam.
Já pensaste bem se eles nunca tivessem descoberto que ele estava bem (a nível neurológico)? A família não desligava as máquinas, ele estaria o resto da vida preso. Ou desligavam e ele morria, mesmo estando bem.
Agora quem tem que intervir para tentar fazê-lo mexer pode actuar. E a família pode comunicar com ele, que sabem que ele ouve.
Os médicos não fazem milagres e o estar bem é segundo a área deles, a nível cerebral e ele está bem. Há muitas pessoas por aí que estão bem a nível físico, tu olhas e dizes "está bem" e por dentro estão uma m****... Também te podem dizer que és um cretino por dizeres que estão bem!!
Sílvia, não sei como te hei-de dizer isto, mas o gajo não "está bem"
Não és da área da saúde, pois não?!
Pensei exatamente o mesmo.
É que pior que estar em estado vegetativo é estar consciente disso.
Gostei do blog... Acutilante.
Lux
Pois eu sou da area da saúde e posso afirmar que o homem não está nada bem. Primeiro só com uma RM é que eles viram que reagia certas perguntas (?); segundo não será bem pior se o homem tem qualquer tipo de consciência, que eu duvido,e não pode comunicar? terceiro, uma pessoa 12 anos em coma todos os órgãos deixam de funcionar normalmente, há uma degradação dos órgãos vitais. Haverá alguém que queira viver assim? Eu não queria nem queria que nenhum dos meus vivesse assim. Seria muito melhor ter sido desligado o suporte de vida há mais tempo.Mas esta é a minha opinião.
Lux, obrigado pela opinião :)
Vamos lá ver uma coisa. Eu não disse que concodava com os senhores, ou que achava bem ele estar assim ou não. Ou que se fosse eu diria a mesma coisa. Eu não acho nada nesta área, porque deve ser a área mais complexa, visto lidar com pessoas, que têm formas de pensar e agir diferentes. Duas expressões que uso muito: "Nós temos 5 dedos em cada mão e são todos diferentes" e a famosa "Na Medicina como no amor, nem sempre, nem nunca.", portanto eu não generalizo nunca, eu não faço juizos nunca, eu não considero a minha opinião como a única certa e infalível.
Neste caso eu apenas disse que compreendia o que eles disseram e porque o disseram, e que não achava bem tratá-los por cretinos.
Pedro, quanto à RM, eu não sei como funciona exactamente o exame feito, e o artigo do jornal não é propriamente um artigo científico do qual possamos concluir algo, no entanto, pelo que entendi (lido na diagonal) é que pela RM puderam ver que determinadas áreas do cérebro reagiam especificamente às perguntas impostas, provavelmente a mesma áreas que reagiriam numa pessoas consciente, daí dizerem que ele percebe as perguntas que lehe eram feitas.
Quanto ao: "Haverá alguém que queira viver assim? Eu não queria nem queria que nenhum dos meus vivesse assim.", lá está, disseste bem, é a tua opinião, e até pode ser a minha, mas mais uma vez, não somos todos iguais e ninguém sabe se ele até prefere estar assim do que morto.
Se assim fosse, quando eu faço reanimação a alguém podia pensar (como às vezes penso), será que vale apena fazer algo mais por este ser? Mas depois dá-me logo assim uma luz e lembro-me de qual é a minha função, e o que eu me propus e prometi fazer. Se a pessoa tiver que morrer, morre mesmo, mas nunca por eu decidir que vai morrer, isso seria fazer o papel de Deus.
AHAHAHAHAHAHAHAHAH. Acho que não consigo ser cordial face a este post!
Mas ora bem... Cá vai...
Os médicos não admitiram nenhum erro. Ninguém se esqueceu de nenhum pormenor. A técnica foi publicada pela primeira vez em 2010 e foi aplicada ao Scott Routley única e exclusivamente desta vez. Logo o que inicialmente se pensava ser um estado vegetativo (vulgar coma) com lesão das vias do tronco cerebral mas sem afecção das suas funções vegetativas, neste momento acredita-se que seja um estado consciente com atividade cortical com integridade e processamento das vias aferentes mas limitação nas eferentes. Ou seja, com os dados da altura pensava-se que não havia consciência (algo muito difícil de definir). Com os dados de agora pensa-se que existe consciência. A terapêutica neurológica não muda em nada (é inexistente), o diagnóstico é que se alterou face às novas descobertas fruto da nova técnica.
A expressão 'está bem' é do jornalista que gosta de uma boa polémica e não um termo aplicável a um exame neurológico. :)
Sabe o que é que me faz confusão? Gostar de um dia trabalhar em Portugal como médica e sentir que há um ataque constante à classe e muito mal fundamentado. Apesar de todos os dias ver excepcionalidade no meu local de trabalho vejo reacções destas a notícias corriqueiras em que nos apelidam de 'cretinos' sem perceber bem porquê.
Inês
Penso que o RCA quando disse cretinos estava a referir-se aos jornalistas e não aos médicos.Penso eu de que (como diz o teu "papa")
Hmmm... não, Pedro! Efetivamente era aos médicos, mas sem malícia Inês. É que eu realmente não percebo porque se mantém alguém em suporte de vida 12 anos. Lembro-me sempre daquele espanhol que desesperadamente queria morrer... E morreu.
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