Com a Constituição da República Portuguesa pós PREC ficaram instituídas algumas ideias engraçadas, na verdade obrigações que o Estado devia garantir, como por exemplo a educação
A coisa não foi por acaso, porque antes do 25 do 4 quem era de famílias desfavorecidas e queria estudar só tinha um caminho, o seminário. Não tinha necessariamente de ser ordenado padre (aí e tal, afinal não sei se me quero casar com Deus, ou isso são as freiras?), o que já não é mau de todo, mas sempre passava por alguns incómodos durante as noites de inverno, outono, primavera... Adiante. De resto, a malta podia ser polícia (tens dezoito anos e a quarta classe), militar, trabalhar no campo ou na fábrica. Os que conseguiam estudar um pouco mais (quem diz um pouco mais, diz mais 2 ou 3 anos), lá dava em empregado no escritório de qualquer coisa. E assim se mantinha um modelo em que tantos fizeram ganhar tanto a tão poucos.
Quando disse ideias engraçadas, não é porque duvide que todos devemos ter oportunidades iguais, mas sim que uma sociedade não aguenta que todos sejam iguais, o que parecendo o mesmo, não é. É que, já se sabe, não basta obrigar os putos a fazer nove anos de escolaridade para que desatem a aprender. Melhor, que todos consigam e, mais importante ainda, queiram. E é assim que nos dias de hoje a malta que quer e pode estudar, não tendo de aturar os padres do seminário, tem de conviver no 5.º ano com gajos de 16 anos mais ou menos entediados, o que me parece condição suficiente para dar asneira. Depois há aquele pequeno detalhe de termos imensos doutores e engenheiros de tudo e mais alguma coisa, mas não temos o que lhes dar para fazer e, quando temos, pelos vistos o que se paga não é, digamos, digno.
Como agora era um bocado chato dizer à malta que afinal era a brincar e que não, isto não é para todos, porque alguns têm mesmo de ganhar uma miséria para que as empresas sejam competitivas, parece que se vão alterar as regras a meio do jogo e introduzir-se novos pagamentos na educação. E pronto, está feito. Não há nada como uma crise para, passados mais ou menos quarenta anos, voltar a pôr o povo onde pelos vistos alguns acham nunca devia ter saído, que aparentemente é no limiar da pobreza e ignorante.
3 comentários:
Acho que já é tempo e devido à situação do país haver uma modificação nos deveres do estado.Isto dava para estar aqui o resto da tarde e só tenho o tempo duma bica mas educação e saúde grátis só para quem tem mesmo necessidade: desempregados sem chance de arranjar trabalho, trabalhadores que ganhem desde o ordenado mínimo até a um patamar a defenir, reformados com reformas vergonhosas e portadores de certas doenças incapacitantes.Toda a saúde preventiva seria grátis: vacinas, saúde materna e infantil e rastreio oncológico.Posso dizer que tenho uma profissão ligada à saúde e vejo as injustiças que existem, principalmente a nível hospitalar que é mais o meu meio.Quanto aos cursos e saídas profissionais estamos a formar desempregados. Pelo menos as Universidades públicas tinham a obrigação de limitar as inscrições em cursos que não têm saida profissional. Criem cursos técnicos, práticos, especializados que esses sim têm oportunidades. Por hoje é tudo que já passei do meu tempo de antena e de lanche. Até à próxima.
Para quem não viveu LÁ, está muito bem posto, piqueno RCA.
Acredito no ensino para quem quer estudar. Quem sabe não há por aí muito quem gostasse de ser lavrador e não pode, porque não deixam, porque tem que acabar o 12º ano e depois ir para a Universidade em vez de ir plantar batatas ...
De qualquer modo estes tipos estão a vingar o antigamente, e vão-nos fazer amargar a revolução e os direitos que ela troxe ao povo português, sendo que essa corja foi quem mais deles usufruiu.
Pedro, eu até me ia meter com a saúde, mas preferi ficar caladito... Eu sou assim, calmo e ponderado!
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