À medida que o fim se aproxima, do dinheiro, entenda-se,
vou-me dando a reflexões sobre a razão porque alguns povos prevalecem ou até
prosperam e outros, particularmente o nosso, saltam de crise em crise, perdendo pelo caminho a
autoestima, o orgulho nacional e o respeito das outras nações.
Existem povos a quem se dá uma instrução e os tipos
executam-na infalivelmente, seja limpar o chão de uma sala, construir um
automóvel de fiabilidade a toda a prova ou exterminar seis milhões de pessoas.
Basta alguém que mande lá no sítio dar a ordem, que os tipos começam por definir a melhor forma de fazer e depois implementam aquilo religiosamente, sem as mínimas reservas.
Faz-se porque alguém mandou e já que é para fazer, então que se faça
bem, porque não estão para perder tempo com palermices. Aliás, é notória a sua
falta de humor.
Temos os outros que o fazem quase por vocação ou missão. Aqueles que
se encontram um problema num processo, param tudo até que a coisa fica
esclarecida e consideram uma vergonha pessoal e do grupo produzir um resultado
pior que óptimo. Talvez não por coincidência, são também aqueles a quem alguém
diz “meta-se neste avião e atire-se contra aquele navio de guerra” e os tipos
lá vão. Se falham, tratam de se suicidar imediatamente, que é para ninguém dizer que
foi por falta de empenho.
Estranhamente, andam por aí outros que também se explodem por dá cá aquela palha, mas não têm o mesmo empenho para
fazer seja o que for e vivem à conta da caridade dos povos irmãos.
Eventualmente, são também os povos irmãos que os mantêm dependentes, mas isso são contas de outro rosário, ou lá o que é que os
tipos seguram enquanto rezam.
Por fim, temo-nos a nós, o que começa a ser uma chatice, porque
já nem nós temos paciência para nos aturar. Por aqui a coisa é diferente e obedece à resposta a três perguntas: o que é que eu tenho a ganhar com isso? Quem é que posso lixar no percurso? E, há maneira de o fazer sem me chatear? Vai daí ninguém, nos quer emprestar um tusto. É que é muito bonito dizer que a Alemanha é o que é porque o mundo lhe perdoou as dívidas de guerra, mas alguém acredita que eramos capazes de fazer o mesmo em iguais circunstâncias? Quanto tempo é que demoraríamos a meter-nos na mesma alhada se nos perdoassem a nossa dívida?
3 comentários:
oh pá! vistas assim as coisas até nem somos muito maus, temos é uma relação problemática com o dinheiro. mas sempre é melhor explodir PIBs que pessoas...
E isto não é só o governo mas também o povo.A minha geração não, mas a dos meus pais e principalmente a dos meus avós viveu numa era que se poupava, que não se vivia acima das posses, que não queria mais que o vizinho, que não era necessário conhecer nem "ter" meio mundo e eram felizes. Isto não passou infelizmente para as gerações mais jovens mas, talvez seja obrigado e um dia quem sabe, ela me agradeça, a passar essas ideias e colocá-las na prática, à minha filha que vai nascer.
Miss, nas conferências internacionais, os nossos delegados são sempre obrigados a levantarem-se e "nós somos de Portugal e temos um problema..."
Pedro, lamento desiludir-te, mas a geração dos teus pais e,principalmente a dos teus avós, viveu como lhe mandavam, que parece ser como a coisa funciona melhor por cá.
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