Rigor orçamental vs austeridade ou competência vs incompetência
Para os que ainda não perceberam, o professor, que é como o presidente da república gosta de ser chamado, porque lá na terra, como em qualquer outra terra quando ele era miúdo, as referências de sucesso eram o professor exigente, o padre moralista e o presidente da junta que acreditava que o dever cumprido era uma fonte maior e uma praça com um coreto, é incompetente na ciência em que se formou, a economia. No entanto, corporizando estas três figuras de autoridade, o homem lá construiu a sua carreira política, à semelhança do presidente do conselho, que definiu esta bitola, não se lhe conhecendo qualquer capacidade de investimento ou multiplicação de riqueza se, obviamente, esquecermos a SLN.
Para os que têm memória mais curta, o presidente foi primeiro ministro de Portugal entre 1985 e 1995. Foi durante os seus mandatos que o país começou a ser inundado por fundos comunitários e se passou da fome para a abundância, literal e repentinamente, benesse que lhe permitiu dar largas ao presidente da junta que guardava dentro dele, com a chamada política do betão, ao abrigo da qual se começou a asfaltar e cimentar o país. Ele foi estradas, rotundas, barragens, o grande coreto dos jerónimos, tudo sustentado em investimento público. Será também nesta altura que se dá a maior vaga de enriquecimento ilícito em Portugal, a coberto de projetos de investimento fraudulentos, financiados por programas comunitários, tutelados, distribuídos e verificados pelo governo português.
Para os revisionistas da história, convém lembrar que foi sob governação deste indivíduo que Portugal, a troco de uma esmola, abdicou da sua autonomia alimentar, desmantelando a frota pesqueira e destruindo a capacidade agrícola. Não foi ele quem, para o bem ou para o mal, criou as condições e nos conduziu à moeda única, pois em 1995 o PSD é substituído na governação pelo PS, comandado pelo inenarrável António Guterres, num momento em que não obstante todos os apoios da comunidade europeia, o país atravessava uma crise de crescimento e desemprego, acompanhada de convulsões sociais, que culminou no buzinão da ponte salazar. Ato contínuo, perdeu as primeiras eleições a que se apresentou como candidato à presidência da república para Jorge Sampaio, em si mesmo um feito digno de nota.
Para os mais céticos quanto à fé cega do povo neste homem, a coisa tem uma explicação bem simples. É igual ao amor que um cão tem pelo dono. Assim como os cães seguem quem quer que lhes dê de comer, foi ele quem assinou os primeiros cheques vindos de Bruxelas. Os mesmo cheques que permitiram a uma larga maioria sair da miséria, particularmente aqueles ligados às artes da construção, dando-lhes de comer, onde dormir e a possibilidade de porem os filhos a estudar, na esperança de uma vida melhor. Ao estar no sítio certo à hora certa, recolheu os proveitos políticos da negociação feita por Mário Soares com os amigos franceses. Infelizmente limitou-se a dar o peixe, deitando todas as canas fora.
E é este homem que segura um governo medíocre e incapaz de ultrapassar o desafio que enfrentamos. Um homem que bem vistas as coisas não tem mais competência do que um contabilista ou se calhar um marçano, que também é capaz de gerir uma conta de deve e haver. Se lhe derem euros para gastar, ele gasta-os, se não derem, para tudo. Infelizmente, sobretudo para nós, a economia não funciona assim. O dinheiro que eu gasto é o rendimento de outros e vice-versa, sendo a partir desta troca que se produz riqueza. É este princípio básico de macroeconomia que está a ser violado sem pudor, condenando-nos a uma espiral recessiva que nos vai levar ao segundo resgate. E se o ministro das finanças não é mais do que um moço de recados que faz o que lhe mandam, a este homem exigia-se bem mais.
3 comentários:
Assino por baixo apenas com um reparo. A ponte não e salazar é 25 de abril. Espero que seja sempre assim pois se alteram o nome é mau sinal.
Tens a certeza?
Clap clap clap palminhas a este post.
Enviar um comentário