segunda-feira, 15 de abril de 2013

Das sociedades e das nações

À medida que o fim se aproxima, do dinheiro, entenda-se, vou-me dando a reflexões sobre a razão porque alguns povos prevalecem ou até prosperam e outros, particularmente o nosso, saltam de crise em crise, perdendo pelo caminho a autoestima, o orgulho nacional e o respeito das outras nações.

Existem povos a quem se dá uma instrução e os tipos executam-na infalivelmente, seja limpar o chão de uma sala, construir um automóvel de fiabilidade a toda a prova ou exterminar seis milhões de pessoas. Basta alguém que mande lá no sítio dar a ordem, que os tipos começam por definir a melhor forma de fazer e depois implementam aquilo religiosamente, sem as mínimas reservas. Faz-se porque alguém mandou e já que é para fazer, então que se faça bem, porque não estão para perder tempo com palermices. Aliás, é notória a sua falta de humor.

Temos os outros que o fazem quase por vocação ou missão. Aqueles que se encontram um problema num processo, param tudo até que a coisa fica esclarecida e consideram uma vergonha pessoal e do grupo produzir um resultado pior que óptimo. Talvez não por coincidência, são também aqueles a quem alguém diz “meta-se neste avião e atire-se contra aquele navio de guerra” e os tipos lá vão. Se falham, tratam de se suicidar imediatamente, que é para ninguém dizer que foi por falta de empenho.

Estranhamente, andam por aí outros que também se explodem por dá cá aquela palha, mas não têm o mesmo empenho para fazer seja o que for e vivem à conta da caridade dos povos irmãos. Eventualmente, são também os povos irmãos que os mantêm dependentes, mas isso são contas de outro rosário, ou lá o que é que os tipos seguram enquanto rezam.

Por fim, temo-nos a nós, o que começa a ser uma chatice, porque já nem nós temos paciência para nos aturar. Por aqui a coisa é diferente e obedece à resposta a três perguntas: o que é que eu tenho a ganhar com isso? Quem é que posso lixar no percurso? E, há maneira de o fazer sem me chatear? Vai daí ninguém, nos quer emprestar um tusto. É que é muito bonito dizer que a Alemanha é o que é porque o mundo lhe perdoou as dívidas de guerra, mas alguém acredita que eramos capazes de fazer o mesmo em iguais circunstâncias? Quanto tempo é que demoraríamos a meter-nos na mesma alhada se nos perdoassem a nossa dívida?

3 comentários:

MisS disse...

oh pá! vistas assim as coisas até nem somos muito maus, temos é uma relação problemática com o dinheiro. mas sempre é melhor explodir PIBs que pessoas...

Pedro disse...

E isto não é só o governo mas também o povo.A minha geração não, mas a dos meus pais e principalmente a dos meus avós viveu numa era que se poupava, que não se vivia acima das posses, que não queria mais que o vizinho, que não era necessário conhecer nem "ter" meio mundo e eram felizes. Isto não passou infelizmente para as gerações mais jovens mas, talvez seja obrigado e um dia quem sabe, ela me agradeça, a passar essas ideias e colocá-las na prática, à minha filha que vai nascer.

RCA disse...

Miss, nas conferências internacionais, os nossos delegados são sempre obrigados a levantarem-se e "nós somos de Portugal e temos um problema..."

Pedro, lamento desiludir-te, mas a geração dos teus pais e,principalmente a dos teus avós, viveu como lhe mandavam, que parece ser como a coisa funciona melhor por cá.