Se eu já tenho alguma dificuldade em engolir os partidos de esquerda e as centrais sindicais que por lá gravitam, o que me tira mesmo do sério são os dirigentes que as controlam. Aquilo é uma (se calhar a palavra é demasiado forte) corja (afinal está bem) metida no "sistema" há dezenas de anos e que se distanciou completamente da realidade das pessoas que supostamente representa e defende. Pior que isso, continuam a utilizar os mesmo métodos de "luta" (e só o facto de utilizarem a palavra luta em vez de, por exemplo, cooperação, já diz muito sobre a mediocridade que por ali reina) contra o capital (como se... esqueçam).
No meio da tempestade (que provavelmente ainda está a começar), estes gajos promoveram marchas contra instituições que tiveram um papel reduzido no rumo que tomámos e, para manter a metáfora marítima que tanto nos é querida, nos atiraram uma bóia (em troca pediram a nossa alma, mas nestas coisas manda quem pode). Não contentes com isso, organizaram agora uma marcha contra o desemprego. Mas o que é esta merda? Uma marcha contra o desemprego? O desemprego é uma entidade contra a qual podemos manifestar-nos?
É lastimável e tenho pena de todos aqueles que ainda acreditam nestes filhos da p***, se deixam levar por estas fantasias e alinham nas greves, sem perceber que estão a aumentar o rombo (ainda os barcos) nas "suas" empresas e em si mesmos. Tenho pena que invistam tempo, recursos e, acima de tudo, esperança, em manifestações que no mundo atual já pouco efeito têm, menos ainda na nossa situação em concreto.
Muito apreciava ver chegar o dia em que um protesto organizado por esta gente, em vez de ser uma greve, fosse uma jornada de trabalho extraordinária a um sábado ou domingo. Em que em vez de gritarem palavras de ordem na rua, organizassem recolhas alimentos, vestuário e outros bens para os mais carenciados ou brigadas de trabalho e fossem recuperar casas, escolas, hospitais e outros edifícios públicos, para que quem lá viva ou trabalhe tivesse melhores condições e dignidade. No limite (e esta delirava) estou para ver o dia em que um sindicato angaria o financiamento para adquirir uma empresa em falência e a recupera (o lucro dessas empresas poderia contribuir para um fundo de recuperações...), ou seja, ponha o dinheiro e a responsabilidade onde só está a boca.
A verdade é que já tenho idade suficiente para saber que, para além das empresas, também a esmagadora maioria das pessoas é movida pelo lucro (em abstrato) e, regra geral, os gritos indignados sobre o bem comum acabam por ser abafados por interesses próprios e egoístas. É assim que os líderes dos partidos e organizações de esquerda, mesmo sendo incapazes de as tornar pertinentes, se perpetuam e as condenam à mediocridade e irrelevância no contexto atual.
4 comentários:
Nunca fiz greve. As greves custam muito a qualquer economia ,não servem qualquer propósito e só prejudicam quem trabalha . Daria de bom grado um fim de semana de trabalho se essa minha dádiva não fosse para renovar frotas de automóveis, que não Clios, e contratar cáfilas de guarda costas para maricas medrosos e incompetentes...
Já eu me confesso. Nunca fiz greve, nem nunca fiz ação social. E tenho alguma vergonha desta minha falha. Mas ainda vou a tempo. Já a tal cáfila, não tem remissão.
Estuo estupidamente de acordo! Ainda bem que ainda há gente com bom senso!
Deduzindo que a maioria das greves são feitas por funcionários públicos (dos que recebem bem), como o deles garantido ao fim do mês, eu tinha apreciado que quando começaram a haver aumentos desmesurados na função pública, com as respectivas regalias (pagas pelo estado) e consequentemente reformas acima do expectável para esta pober economia, tivessem feito greves a dizer que estavam a ganhar demais e que os cofres do estado não iam aguentar!!
Ora, eu nunca fiz greve e faço (muita) acção social, por isso sinto-me no direito de estrebuchar contra a corja!!!!
Concordo 100%.
Nunca fiz greve. Acredito que nunca farei!
Nestes dias de greve sinto uma revolta enorme pois não consigo entender o que se pretende conseguir através da greve.
Mas o seu penúltimo parágrafo merece uma ovação de pé. Muito boa ideia.
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