Agora que a coisa começou a apertar e parece que começamos a fazer contas, lembrei-me que todos os anos são gastos milhões
de euros em campanhas institucionais de sensibilização em assuntos para os quais está tudo a borrifar-se:
condução em excesso de velocidade; condução alcoolizado; sobre-endividamento;
condução em excesso de velocidade e alcoolizado porque está sobre-endividado;
poupança de energia; cancro da pele; etc.
Na maior parte dos casos é
difícil apercebermo-nos quando a malta estica a corda, mas aquela cena do sol
topa-se logo. Um gajo está sair da praia por volta do meio dia e é vê-los
chegar todos satisfeitos, ainda com remelas agarradas aos olhos, de coques Chicco
na mão. Eu até achei perfeitamente lógico que uma empresa que já fazia biberões
e sacos térmicos fizesse geleiras, mas apanhei um susto do caraças quando vi
uma mãozita a sair lá de dentro.
E é isto, se facilitamos com
bebés, é bom de ver que facilitamos com tudo. Depois ficamos muito surpreendidos
quando o Rex come a Maria, o Luís aparece a espumar detergente da roupa, o
Pedro quer brincar aos políticos, o Paulo compra dois submarinos e o José vai
para Paris estudar filosofia e procurar o seu outro eu (que é quem ficou com os
códigos das contas).
É que acaba por ser nestas coisas que se vê as diferenças entre os povos. Os alemães, por exemplo, são do melhor que
há. Um tipo ainda está a pôr o pé em cima do risco e já se lixou. Em Frankfurt
já vi um carro mal estacionado ser removido em 2 minutos. É claro que isto do
rigor e da eficiência, mais do que motivação, é uma questão cultural. Aquilo é
gente que só precisou de 5 anos para rebentar com a Europa e de caminho ainda conseguiu eliminar 6 milhões de pessoas. E agora que vejo por este prisma, este estilo latino se
calhar até nos assenta bem, porque afinal de contas o dinheiro é emprestado e
ninguém está à espera que seja para reembolsar.
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