Bom, queria aqui agradecer por me terem obrigado a cumprir a escolaridade obrigatória, não obstante os indícios claros que não tinha qualquer vocação para aquilo, empurrado para o ensino secundário, ignorando olimpicamente o retumbante chumbo no 10.º ano e providenciado os meios para fazer a faculdade (no ensino privado, porque nem sequer tive a decência de conseguir as notas para fazer a coisa no público). Pois é, contra todas as (minhas) expectativas sou licenciado.
E isto já foi há alguns anos (poucos, nada de relevante). Dou por mim a imaginar como seria hoje. Se os meus pais também teimavam que tinha de ser Dr. ou espetavam comigo numa escola profissional para aprender um labor e ser alguém na vida?
É que por mim não entrava mais ninguém na faculdade só porque sim. Na maior parte dos cursos a coisa tinha de ser por substituição. A malta só podia ser admitida num curso de 3 anos, quando faltassem 3 anos para o substituído se reformar. Se calhasse de chumbar e a título de motivação, não podendo ser executado, era enviado para uma mina no Congo.
A mim o que me incomoda nem é tanto o desemprego jovem. Não me dou é lá muito bem com taxistas licenciados em filosofia, niilistas e com propensão para relativizarem as coisas, particularmente a minha segurança, empregados (ainda se pode chamar assim?) de restaurante economistas ou advogados com opinião sobre tudo e caixas de supermercado nutricionistas que me deitam um olhar crítico enquanto avaliam as minhas compras (sim, gosto de chocolate e então?), embora aqui possa estar um nicho de mercado - personal shopper alimentar.
Eu, na verdade, o que gostava de saber é o que leva alguém com 17 anos a inscrever-se num curso de história ou geografia (exemplo meramente ilustrativo)? Se com essa idade ainda não tiveram a curiosidade de ler jornais ou ver noticiários e não estão suficientemente informados para saber que é uma decisão imbecil, se calhar também não vai ser a faculdade que lhes vai abrir os horizontes. Depois, aparecem-me em entrevistas de recrutamento em que à pergunta "o que valorizou mais no seu curso?", dizem "foi ensinar-me a pensar", muito satisfeitos com o brilhantismo da resposta. Invariavelmente fecho com "e espera que sejamos agora nós a ensinar-lhe aqui o que devia ter aprendido lá?".
E isto já foi há alguns anos (poucos, nada de relevante). Dou por mim a imaginar como seria hoje. Se os meus pais também teimavam que tinha de ser Dr. ou espetavam comigo numa escola profissional para aprender um labor e ser alguém na vida?
É que por mim não entrava mais ninguém na faculdade só porque sim. Na maior parte dos cursos a coisa tinha de ser por substituição. A malta só podia ser admitida num curso de 3 anos, quando faltassem 3 anos para o substituído se reformar. Se calhasse de chumbar e a título de motivação, não podendo ser executado, era enviado para uma mina no Congo.
A mim o que me incomoda nem é tanto o desemprego jovem. Não me dou é lá muito bem com taxistas licenciados em filosofia, niilistas e com propensão para relativizarem as coisas, particularmente a minha segurança, empregados (ainda se pode chamar assim?) de restaurante economistas ou advogados com opinião sobre tudo e caixas de supermercado nutricionistas que me deitam um olhar crítico enquanto avaliam as minhas compras (sim, gosto de chocolate e então?), embora aqui possa estar um nicho de mercado - personal shopper alimentar.
Eu, na verdade, o que gostava de saber é o que leva alguém com 17 anos a inscrever-se num curso de história ou geografia (exemplo meramente ilustrativo)? Se com essa idade ainda não tiveram a curiosidade de ler jornais ou ver noticiários e não estão suficientemente informados para saber que é uma decisão imbecil, se calhar também não vai ser a faculdade que lhes vai abrir os horizontes. Depois, aparecem-me em entrevistas de recrutamento em que à pergunta "o que valorizou mais no seu curso?", dizem "foi ensinar-me a pensar", muito satisfeitos com o brilhantismo da resposta. Invariavelmente fecho com "e espera que sejamos agora nós a ensinar-lhe aqui o que devia ter aprendido lá?".
3 comentários:
A mim se me fizessem essa pergunta respondia "o professor de estudos literários" (exemplo meramente ilustrativo), só para ver o que o entrevistador respondia.
Fora as ironias e as idas para o Congo, 100% de acordo.
Kiss, o pudor impede-me de o dizer!
Maurício, se me tira a ironia e a possibilidade de os despachar para o Congo, perco o interesse neste plano educativo.
Enviar um comentário