terça-feira, 25 de setembro de 2012

Ai Portugal, Portugal, de que é que estás à espera...

Este fim de semana precisei de trocar a pilha de um relógio. Um relógio decentinho, que não desmerece ninguém, comprado numa relojoaria tradicional, daquelas de rua. Bom, a verdade é como só pude tratar do assunto no sábado à tarde, lá fui eu a uma relojoaria de shopping, daquelas de shopping.
- Boa tarde. É para trocar a pilha deste relógio.
- Boa tarde. Com certeza. Pode deixar ficar, que nós depois telefonamos quando estiver pronto. É que estamos a trocar de relojoeiro, que o nosso vai para a Suíça - disseram-me com orgulho.
- Deixe estar. Eu resolvo noutro sítio. Obrigado.
Eu até compreendo o orgulho da senhora. Um relojoeiro que vai à Suíça é bonito e coerente. Estranhava, por exemplo, se dissesse Albânia. Já não compreendo é que num sábado à tarde de princípio de outono, com o shopping cheio, não tenham ninguém capaz trocar uma pilha e esperassem que lá voltasse para o levantar?

Também nesta semana, já duas semanas depois de ter encomendado um óculo (os profissionais do ramo dizem óculo), telefonei à ótica para saber se já tinham chegado. Não tinham e só depois de eu telefonar é que resolveram contactar o importador. Ficamos então todos a saber, eu e eles (embora me pareça que para eles era irrelevante), que demoraria pelo menos mais duas semanas e que "aguardasse que quando chegasse me telefonavam".

Isto tudo para dizer o seguinte. No meio desta crise toda, em que anda tudo em alvoroço e a correr para manifestações, não há ninguém interessado em correr atrás do negócio? Nem vou dizer que já desistiram, porque a qualidade de atendimento e serviço em Portugal é, regra geral, miserável. Mas porra, agora que as coisas apertam, não estará na altura de demonstrar que ainda são necessários? Que podem prestar um serviço útil? Estes gajos ainda não perceberam que é possível encomendar quase tudo pela internet e que não tarda nada só vão servir de montra? É que eu já nem estou a falar do comércio tradicional.  Desse que, mesmo em zonas nobres das cidades, continua a recusar-se a estar aberto à hora de almoço, a abrir ao sábado à tarde ou aos domingos, porque tinha de pagar horas extraordinárias e sei lá o quê, mas prefere continuar a abrir todos os dias às 9:30, quando está tudo no trânsito ou a trabalhar. Mas esta gente está à espera de quê para acordar?

3 comentários:

Matilde Jones David disse...

Concordo plenamente!

Maria Luís disse...

É como quando queremos uma peça que está na montra, em que a coisa mais fácil é tirá-la e pôr outra no seu lugar (já não digo despir um manequim) mas não, não pode ser e está tudo dito.Nas cidades pequenas acho que o atendimento é muito melhor e eficiente mas penso que não se passa só em Portugal pois já fui muito mal atendida, de virar as costas e sair, em várias cidades europeias.

RCA disse...

Por mim, se querem falir é lá com eles. O que me chateia é toda aquela choradeira de vítima, quando não fazem nada para se adaptar à nova realidade.