segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Forças democráticas

Eu guardo um certo rancor contra a extrema direita. E nem é nada ideológico. É que se estes tipos não se tivessem lembrado de assassinar um desgraçado na sede do PSR, provavelmente nunca tínhamos gramado com o Francisco Louçã. Bastou uma oportunidade para aparecer na televisão e ficou tudo estragado, nunca mais largou, é uma espécie de "emplastro" da política.

E isto é uma questão pessoal - não suporto o tipo e o grupinho que coordena! Começa logo por este conceito de coordenador. Não, eu não sou o presidente, que isso é coisa do "grande capital", eu apenas coordeno (dedos no ar a simular aspas) estes tipos, porque sem a minha ajuda, eles são bem capazes de sair de casa com calças vermelhas e camisa verde. Mas o que detesto mesmo, é que me digam o que é melhor para mim ou descobrir pela televisão o que eu e o povo (por respeito ao povo segrego-me) quero e penso. Estes gajos são economistas, advogados ou médicos (e até aqui nem vai mal, porque sempre devem ter trabalhado qualquer coisa), sociólogos, professores universitários ou políticos de carreira. A única vez que falam com o povo, é quando a empregada chega de manhã e lhes entrega o jornal durante o pequeno almoço ou em campanha, de passagem por uma feira. Como é que eles sabem o que vai na cabeça do povo?
Quino

É verdade que esta mania também me irrita no PCP. Mas aquilo efetivamente ainda tem povo lá pelo meio. Ter um secretário-geral que foi operário metalúrgico dá outra credibilidade à coisa (e ter aqueles gajos de camurcina preta em pano de fundo durante as conferências de imprensa também ajuda). Eu, no lugar deles, punha o Bernardino Soares a acarretar cimento durante quatro ou cinco anos, só para fazer currículo (se ele gostar daquilo e descobrir uma nova vocação, também não vejo mal se não voltar).

Mas no caso do Francisco Louçã, a política não passa de um exercício intelectual, onde demonstra que é mais esperto que os outros. E o que me tira mesmo do sério é o sorriso de satisfação quando nos debates está a demonstrar ao adversário que o país está a arder. O tipo não consegue parar de sorrir enquanto prova por A+B que há pessoas em dificuldades e desespero.

4 comentários:

Ricardo Oliveira disse...

Quer dizer que os advogados, médicos ou engenheiros não falam com o povo? Se há pessoas que falam com o povo são os médicos e os advogados.Sim porque "os" PSD/CDS falam imenso com o povo. Durante a campnha eleitoral aos beijinhos a tudo que passa. Mas o que é o povo? Não somos todos nós? Qual a diferença dum advogado ara um empregado da construção civil? Um teve oportunidade para estudar e o outro não? Isto dava para muita conversa mas tenho mais que fazer. Tu deves ser daqueles que contacta com o teu dito povo apenas para comprar o jornal, meter gasolina e pouco mais e sem olhar para ele pois pode ser comunista. Olha que não se pega.

RCA disse...

povo [o]
nome masculino
1. conjunto de indivíduos que têm a mesma origem, a mesma língua, e partilham instituições, tradições, costumes e um passado cultural e histórico comum
2. conjunto de indivíduos que ocupam um território determinado e formam uma unidade política, com leis próprias e sob a direção do mesmo poder
3. população em geral
4. conjunto da maioria dos indivíduos de um país, por oposição às classes dirigentes ou às classes mais favorecidas material e culturalmente
5. comunidade de uma região, vila ou aldeia
6. pequena povoação; lugarejo
7. público
8. [plural] as nações
(Do latim popŭlu-, «idem»)

A mim parece-me que os políticos se referem ao povo do ponto 4. Não me parece que estejam preocupados com o povo médico, advogado, engenheiro, economista, gestor… que são a minoria em termos de votos. Também não me parece que médicos, advogados, economistas, engenheiros, ou seja quem for que se dedique à política como profissão (leia-se deputados) fale grande coisa com o povo. E não vejo diferença entre os advogados, economista, engenheiros do PSD, CDS ou BE.

Agora, parece-me que é o povo (acessão número 4) que se lixa quando desatam a decidir o que é bom para eles. E não acredito que na sede do BE que estejam os iluminados que melhor o sabem. Incomoda-me aquela coisa elitista do povo (acessão número 4) não estar minimamente representada nos quadros do BE. Aliás, um exercício engraçado é ver a filiação dos dirigentes do BE.

Dizer que somos todos iguais e que não há diferenças entre um advogado e um empregado da construção civil é porreiro e um tipo fica a sentir-se muito bem. Assim de repente, só para não complicar, a diferença começa no facto do filho do advogado ser transportado num bmw para um colégio privado, onde lhe são dadas todas as oportunidades, leia-se vantagens, para também ele ser advogado ou o que muito bem lhe apetecer (por exemplo deputado do BE). O filho do trolha tem sorte se tiver os livros da escola e provavelmente não tem ninguém que o leve à escola ou nos estudos. Mas posso estar enganado.

Ricardo Oliveira disse...

O mal é o filho do empregado da construção civil (não gosto da palavra trolha) não ter os mesmos direitos que o filho do advogado.Aí é que está o mal mas também concordo que ainda não houve ninguém interessado que isso acontecesse.E, concerteza estão a perder-se grandes cabeças. É o país que temos mas gostava mais que fosse como os países nórdicos (e para isso não foi preciso nenhum BL da terra deles)

RCA disse...

Com essa ideia dos nórdicos também alinho... Mas infelizmente parece que ajuda ter algum petróleo na costa.