Dada a felicidade de viver no Porto e a
TAP estar para as transportadoras aéreas, como as principais estações de
televisão estão para as rádios locais, quase todas as minhas viagens são
marcadas pela infelicidade de voos com escala em Lisboa.
Por razões que aqui não importam, desta
vez viajei em executiva, classe que na Portugália tem um cliente típico: os
pilotos e pessoal de bordo da TAP. Eu sei, parece um paradoxo, mas esta empresa
pública despacha os clientes que pagam para “turística” e transporta os
funcionários em executiva. Afinal quem trabalha para quem? Estavam eles em
amena cavaqueira, quando ouço “hoje quase não consegui aterrar em Bruxelas…
mantiveram-me no ar 40 minutos… cheguei aos 50 clicks”, seguido de um coro de
vozes de espanto e temor.
Estou agora a escrever o texto no avião a
caminho de Bruxelas, já com meia hora de voo e não me sai da cabeça a imagem
dos outros pilotos, já fora do avião, a abraçar o tal que quase não aterrou em
Bruxelas como se tivesse regressado dos mortos. Mas o que raio será um click?
3 comentários:
Óbvio que estava a jogar qualquer coisita no computador de bordo, enquanto não lhe davam permissão para aterrar.
Oh pá, eu borrava-me todo. está tudo bem? Boa estadia e um regresso sem clicks.
eu sei! eu sei a resposta! o namorado de uma colega trabalha na TAP e eu já percebi como isso funciona: os funcionários da TAP podem viajar nos aviões de forma praticamente gratuita, pagando apenas as taxas de aeroporto. no entanto, a viagem está condicionada à disponibilidade, ou seja, eles só sabem se podem viajar na altura do voo, dependendo dos lugares livres existentes. provavelmente, nesse caso, os lugares de executiva não foram todos comprados, logo os funcionários ocuparam-nos.
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